Amo muito a minha profissão. Ser professora é um pouco como ser mãe, porque criamos laços bem fortes com aqueles que educamos. Sempre me orgulhei e me senti bem ao fazer o meu trabalho, mas e quando surgiu alguém em minha vida que fez todas as outras coisas ficarem para trás? É muito doloroso separar-se de seu bebê que até a pouco vivia dentro de você, quando você o levava para onde quer que fosse. No meu caso, considero ainda mais triste por ter de deixá-lo em uma cidade e ir trabalhar em outra. À medida que a distância vai aumentando, dói mais e quando vejo alguma mãe com um bebê então, é como se um buraco se abrisse em meu peito e tenho vontade de chorar (talvez até tenha chorado algumas vezes). Naquele momento, tenho inveja daquela mãe, sem conhecer sua vida ou seu histórico, simplesmente porque ela pode estar com seu filho naquele momento e eu não.
No entanto, ao chegar ao meu destino, vejo que tudo isso não é em vão, porque a minha versão antiga (de antes de ser mãe) também encontra um lugar e, como já disse antes, amo minha profissão. Além do mais, é importante para o meu menino também poder se colocar em novas aventuras com suas próprias asas ou com a ajuda das pessoas que cuidam dele (e que são ótimas pessoas, por sinal). E também há o contraponto de que a distância e a saudade resultam em um reencontro.
O abraço mais especial em meu filho aconteceu na primeira vez em que eu fui buscá-lo na creche. Acredito que seja muito difícil para toda mãe ter de ir trabalhar e ficar longe de seu filho, como foi para mim. Mas quando fui buscá-lo e ele abriu os braços sorridente em minha direção, parecia que toda a saudade e dor da distância valiam a pena por aquele abraço que nos unia novamente. E assim ainda acontece hoje: quando estou longe dele, sou acalentada pela certeza de seu abraço quando eu voltar.